A Água na Saúde da População Rural do Minho no Século XVIII

  • Duarte Araújo

Resumo

A utilização das águas como meio de tratamento e de cura, no que é hoje o território português, é
muito antiga, e anterior à fundação da nacionalidade. No Minho rural e profundamente católico do
século XVIII, as águas aqui tão abundantes, usavam-se empiricamente como meio de tratamento, pela
sua temperatura ou mineralização, mas também por propriedades milagrosas que lhe eram atribuídas,
diretamente ou por interseção de algum santo padroeiro. O objetivo do presente trabalho foi entender
a importância das águas para a saúde da população minhota e rural no século XVIII, mas integrada
no fenómeno religioso e no quadro do estudo das vivências e mentalidades desta população na Idade
Moderna. Nesse sentido foram essencialmente estudadas duas obras, o Aquilégio Medicinal, um tratado
de águas medicinais de 1726, e as Memórias Paroquiais de 1758, referentes aos distritos de Braga e
Viana do Castelo, um enorme acervo documental para o conhecimento do Portugal setecentista. Os
autores concluíram que a experiência curativa era uma experiência religiosa e a representação social
das águas como meio de cura estava então alicerçada em elementos mágicos e religiosos, e povoada por
crenças, mitos, superstições e, sobretudo pelos suportes materiais e devocionais da religião Católica.
Nesta interseção entre propriedades físico-químicas e medicinais das águas e virtudes, mais ou menos
miraculosas, que a lenda, o imaginário popular e o devocionário católico consagraram, os autores
propõe uma viagem a uma época histórica do termalismo português em que se fazem os primeiros
trabalhos e publicações sobre águas e suas propriedades medicinais.