O papel da farmacogenómica na terapia com opioides: otimização do controlo da dor e redução do risco de dependência e overdose

  • Diana Santos
  • Marlene Santos
  • Maria João Pereira
  • Susie Sequeira

Resumen

Os fármacos opioides são recorrentemente utilizados no tratamento da dor moderada a severa, em virtude da sua reconhecida eficácia neste tipo de dor. Contudo, a utilização destes fármacos não é isenta de riscos, nomeadamente o desenvolvimento de tolerância, dependência, assim como de overdose. A farmacogenómica visa a identificação de variantes genéticas associadas a um gene, que influenciam a farmacocinética e a farmacodinâmica de medicamentos específicos, e, consequentemente, a resposta à terapêutica. Neste contexto, e em virtude de variabilidade de resposta à terapêutica com opioides, a utilização da farmacogenómica para orientação da terapêutica com opioides representa uma mais-valia, e possibilitará um tratamento personalizado, com maximização dos benefícios terapêuticos e minimização dos efeitos adversos. O objetivo deste trabalho centrou-se rever as evidências científicas da utilização da farmacogenómica no tratamento da dor com recurso a fármacos opioides. Este trabalho consistiu numa revisão narrativa da literatura conduzida na base de dados PubMed, incluindo estudos que abordem a influência de genes chave, alvo de polimorfismos genéticos, que codifiquem para proteínas envolvidas na terapêutica com opioides. Adicionalmente recorreu-se à base de dados de farmacogenómica PharmaGKB® para obtenção das orientações terapêuticas para os fármacos opioides emitidas para o Clinical Pharmacogenetics Implementation Consortium (CPIC). Pela análise das evidências científicas, denota-se que a maior parte dos estudos se debruça sobre a influência dos genes CYP2D6, COMT, OPRM1 na terapêutica com opioides. Dentro destes, o CYP2D6 é o gene cujas variações mais impactam a resposta a fármacos, opioides, segundo a CPIC. A farmacogenómica é uma área em ampla expansão, na qual ainda existem lacunas do conhecimento ao nível de genes, variantes e respetivos testes farmacogenómicos. A implementação da farmacogenómica e dos testes farmacogenéticos na prática clínica, representam um desafio, atendendo à sua complexidade, aos custos inerentes e a falta do conhecimento dos profissionais de saúde e da comunidade em geral nesta área, mas que poderá no caso dos fármacos opiodes apresentam um importante contributo na minimização das reações adversas a estes fármacos.

Publicado
2023-07-11