Necessidades reais de implementação de novos serviços farmacêuticos centrados no doente

  • M. M. Castel-Branco Grupo de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Portugal. Centro de Estudos Farmacêuticos (CEF), Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Portugal.
  • M. M. Caramona Grupo de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Portugal. Centro de Estudos Farmacêuticos (CEF), Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Portugal.
  • F. Fernandez-Llimos Departamento de Sócio-Farmácia, Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa, Portugal. Research Institute for Medicines and Pharmaceutical Sciences (iMed.UL), Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa, Portugal.
  • I. V. Figueiredo Grupo de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Portugal. Centro de Estudos Farmacêuticos (CEF), Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Portugal.
Palavras-chave: cuidados farmacêuticos, serviços farmacêuticos, farmacoterapia, resultados clínicos negativos, doente.

Resumo

Novos fármacos mais potentes e complexos, menor disponibilidade de médicos e menor acessibilidade ao serviço de saúde, morbilidade e mortalidade relacionadas com medicamentos sempre a aumentar e custos significativos relacionados com o uso incorrecto dos medicamentos justificam plenamente um profissional focado apenas na gestão de toda a medicação do doente. O medicamento é um bem precioso, mas os doentes necessitam de aprender a utilizá-lo. Porventura será essa uma das mais-valias que o farmacêutico, enquanto especialista do medicamento, poderá aportar actualmente ao sistema de saúde: a promoção do uso racional do medicamento, tal como inscrito na legislação em vigor. Uma correcta utilização do medicamento diminuirá significativamente os resultados negativos da farmacoterapia, que se podem manifestar quer como problema de saúde não tratado quer como inefectividade ou insegurança.

Os cuidados farmacêuticos correspondem a uma filosofia de actuação assistencial centrada no doente em que o farmacêutico, integrado na equipa de saúde, assume as suas responsabilidades perante a medicação. Concretiza-se em serviços farmacêuticos que, numa atitude preventiva, identificam e actuam sobre factores de risco existentes durante o processo de uso dos medicamentos – dispensa farmacêutica, indicadores de morbilidade prevenível, revisão da medicação – e em serviços que, numa atitude reactiva, identificam resultados negativos e actuam sobre as suas causas – acompanhamento farmacoterapêutico, gestão da doença.

O farmacêutico clínico terá de desenvolver novas competências: comunicação, busca de informação, sentido crítico, comportamento ético, trabalho em equipa, liderança. E terá, mais do que nunca, de ser tecnicamente competente: sólida formação em biologia celular, bioquímica, anatomofisiologia, fisiopatologia, farmacologia e farmacoterapia. Terá ainda de aprender a sistematizar e a registar a sua actuação consoante o tipo de serviço prestado. A principal barreira a vencer será a da sua própria mentalidade.

Estes não serão apenas novos caminhos de realização profissional: serão respostas concretas a situações reais dos doentes, que desta forma serão melhor cuidados. 

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