Descrição de vida real dos padrões de tratamento de terapêuticas avançadas para a Doença Inflamatória Intestinal em Portugal

  • Diana Alves
  • Ricardo Prata

Resumo

A doença inflamatória intestinal (DII) é uma doença imunológica complexa. As terapêuticas biológicas são a chave para o tratamento da DII moderada a grave em doentes que falham ou são intolerantes ao tratamento convencional. No entanto, existem alguns doentes para os quais, para manter uma resposta adequada, é necessário ajustar a frequência das terapêuticas em relação ao que está aprovado ou recomendado no resumo das características do produto.
O objetivo deste estudo foi descrever retrospetivamente os padrões de tratamento de vida real das terapêuticas avançadas para a DII em Portugal durante a fase de manutenção do tratamento, utilizando dados de uma base de dados nacional de dispensa de medicamentos, entre abril de 2017 e fevereiro de 2022.
Foram incluídos 4.200 doentes seguidos em 18 hospitais portugueses. Nas terapêuticas avançadas de primeira linha, 53,7% dos doentes estavam em infliximab, 28,6% em adalimumab, 12,6% em vedolizumab, 3,7% em ustecinumab, 1,2% em golimumab e 0,2% em tofacitinib. 756 doentes (18,0%) mudaram para outra terapêutica avançada (segunda linha). Dos doentes que estavam em primeira linha e mudaram, 38% estavam a tomar golimumab, 21,4% a vedolizumab, 19,7% a adalimumab, 17,1% a infliximab e 1,3% a ustecinumab. Verificou-se que mais de 70% de todas as terapêuticas avançadas foram dispensadas de acordo com o intervalo de dispensa previsto. Em 10,3% dos doentes tratados com infliximab e 23,7% tratados com ustecinumab, os medicamentos foram dispensados com maior frequência.
Mais de 80% dos doentes com DII moderada a grave foram tratados com uma terapêutica anti-TNF-α na primeira linha. Na segunda linha, a maioria estava a tomar ustecinumab ou vedolizumab. Apesar de mais de 70% dos doentes terem dispensado o medicamento, aproximadamente ¼ dos doentes tratados com ustecinumab têm uma maior frequência de dispensa de medicamentos, mostrando que a escalada da dose pode ter um papel na prática clínica portuguesa.


Palavras-chave: doença inflamatória intestinal, terapia avançada, tratamento de vida real, dispensa de fármacos.

Publicado
2025-07-13