Acta Farmacêutica Portuguesa
Resumo
Num contexto de crescente complexidade medicamentosa, envelhecimento populacional e múltiplos desafios à sustentabilidade dos sistemas de saúde, o papel do farmacêutico revela-se mais relevante do que nunca. Atualmente os farmacêuticos são profissionais altamente qualificados, detentores de competências clínicas, científicas e comunicacionais que os tornam elementos centrais na promoção da saúde, na prevenção da doença e na gestão medicamentosa. Estão presentes em todas as etapas da sequência de cuidados, com um olhar atento, técnico e humano que se traduz em ganhos concretos para os doentes e para o SNS.
A Doença Inflamatória Intestinal (DII), patologia crónica de base imunológica, exige um acompanhamento rigoroso e contínuo. Um estudo nacional, baseado na dispensa de medicamentos entre 2017 e 2022, a 4200 doentes em 18 hospitais portugueses, demonstrou que os tratamentos biológicos são o pilar no tratamento da DII moderada a grave, pelo que foi necessário, em muitos casos, ajustar os esquemas medicamentosos à realidade clínica de cada doente. Mais de 70% das medicações foram administradas de acordo com o previsto, mas, em cerca de um quarto dos casos com ustekinumab, a frequência foi superior à recomendada, indiciando escaladas de dose. Nestes contextos, o farmacêutico assume um papel determinante na monitorização da medicação, na vigilância de adesão e na promoção do uso racional do medicamento, assegurando uma articulação eficaz com os restantes profissionais de saúde.