Anti-LAG-3: uma mudança de paradigma no tratamento do melanoma avançado
Resumo
O melanoma é o cancro de pele mais mortal do mundo. Este resulta da transformação maligna dos melanócitos através de múltiplas vias de sinalização complexas. Embora o melanoma cutâneo, com origem na epiderme, seja a forma mais comum, existem outros subtipos mais raros. A complexa fisiopatologia do melanoma, caracterizada por uma elevada carga mutacional e potencial metastático, quando correlacionada com os hallmarks do cancro, transparece de forma evidente a sua predisposição para o tratamento com imunoterapia. A imunoterapia melhorou significativamente o prognóstico clínico, com a sobrevivência média dos doentes com melanoma avançado a aumentar de 6 meses para 6 anos, após o tratamento com inibidores dos checkpoints imunológicos. No entanto, o elevado risco de toxicidade, em particular com as atuais terapias combinadas padrão, e os problemas relacionados com recaídas ou com a resistência ao tratamento, continuam a ser um grande desafio, havendo alguns mecanismos ainda por elucidar. Por conseguinte, a descoberta de novas moléculas que visam checkpoints imunológicos alternativos tornou-se uma das principais abordagens. Esta monografia, centrada no gene de ativação de linfócitos 3 (LAG-3), caracteriza este inovador checkpoint imunológico a nível estrutural e molecular, descrevendo também o seu mecanismo de ação. Além disso, destaca os principais ensaios clínicos que envolvem moléculas anti-LAG-3, incluindo o estudo de referência RELATIVITY-047, que levou à aprovação do relatlimab, o primeiro anticorpo monoclonal anti-LAG-3, em combinação com o nivolumab, como tratamento de primeira linha para o melanoma avançado. Ao destacar estes resultados clínicos promissores, que demonstram que esta nova terapêutica combinada é mais segura e tão eficaz como outras terapêuticas de primeira linha, esta revisão aponta para uma mudança de paradigma no tratamento do melanoma avançado.
Palavras-chave: melanoma, imunoterapia, anti-LAG-3, relatlimab, ensaios clínicos.