Interações Medicamentosas Potenciais em Farmácia Comunitária – Estudo Exploratório

Potential Drug Interactions in Community Pharmacy – An Exploratory Study

  • Ângelo Jesus
  • Rita Primo Oliveira

Resumo

As interações medicamentosas potenciais (IMPs) ocorrem quando dois fármacos conhecidos por interagirem entre si são prescritos concomitantemente, independentemente de algum efeito nefasto na saúde do doente ocorrer. As IMPs antecedem as interações medicamentosas (IMs) e são bastante mais prevalentes do que as mesmas, sendo um risco crescente para a saúde da população mundial e uma importante causa prevenível de morbilidade e mortalidade. Assim, o objetivo principal do presente estudo passa pela análise e classificação de IMPs identificadas em farmácia comunitária. Para isto, foram recolhidos dados referentes a prescrições médicas de doentes através de um formulário online, que durou 4 meses, sendo que durante esse período, 284 prescrições foram recolhidas. Assim, das receitas médicas recolhidas com mais do que um medicamento prescrito, 132 apresentaram pelo menos uma IMP, correspondendo a 47,5% da totalidade da amostra. O número de IMPs descritas na amostra é 288 sendo que mais de metade das mesmas são definidas como major e apenas 1,4% como minor. As mais prevalentes classes terapêuticas dos medicamentos envolvidos em IMPs foram a dos anti-hipertensores, seguida dos antidepressivos e antidiabéticos orais e, por sua vez, o fármaco mais vezes presente em IMPs demonstrou-se como sendo o ácido acetilsalicílico. Deste modo, apesar dos benefícios associados à prescrição de múltiplos fármacos de modo a tratar ou controlar doenças e aumentar a qualidade de vida dos doentes, realça-se que a prescrição deve ser contrabalançada com os riscos que acarreta. Assim, a prevalência de IMPs demonstrou-se elevada, estando presente em cerca de 50% das prescrições, sendo as interações major as mais prevalentes. Espera-se que este trabalho propicie futuras investigações, quer do ponto de vista da análise das IMPs e IMs e do impacto das mesmas no sucesso terapêutico dos doentes, quer do delineamento de possíveis estratégias para minimizar a prevalência dessas interações.

Publicado
2022-07-29