O pensamento mágico e o recurso à magia podem ser tão antigos quanto a humanidade, e a doença, pela sua incompreensão, pela angústia e pela fragilidade que acarreta é um dos grandes momentos da sua manifestação. No Minho rural do século XVIII eram habituais a magia, a feitiçaria e o curandeirismo, favorecidos pela pobreza das populações, pela sua rusticidade e iliteracia. Sendo estas práticas apanágio destas populações, é natural encontrarmos na Igreja as suas principais fontes documentais. Por isso, no sentido de se estudarem algumas destas práticas no Minho setecentista, foi realizada uma investigação documental no Arquivo Distrital de Braga (A.D.B.), relativa à pasta das Visitações e Devassas, e a relato de julgamento e sentença do Santo Oficio, relativamente a práticas de feitiçaria e curandeirismo. São de uma enorme riqueza e variedade os elementos que compõem o pensamento mágico destas populações rurais no Antigo Regime, povoando as representações sociais da saúde, da doença e dos meios de cura, e explicando fenómenos de outra forma inexplicáveis. É igualmente interessante notar, nesta estrutura de pensamento, uma constante intersecção entre elementos mágicos, supersticiosos e pagãos, e alguns suportes materiais e devocionais do catolicismo.